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Can you keep a secret??

Can you keep a secret??: fevereiro 2014

Can you keep a secret??

Blog da jornalista, coordenadora e voluntaria ERIKA YAMAUTI. Em pauta, livros, filmes, impressoes, relatos e reflexoes leves sobre a vida, com muita energia positiva!!

sábado, fevereiro 15, 2014

Um adeus dolorido


Quando abri o meu face, confesso que fiquei chocada com a noticia do falecimento. Uma amiga tão querida, que conviveu tanto comigo, por muitos anos de Seinen, e eu nao sabia que ela estava internada novamente, não apoiei a familia, não tinha nenhum conhecimento do que ela estava passando hoje. Naquele momento, pensei, "em que mundo eu estava vivendo pra não perceber isso?"

Ela sempre foi um exemplo de força, guerreira, incansável, corajosa. lutou contra a leucemia por muitos anos, de todas as formas possíveis, fez todos os tratamentos, nunca desistiu, nem desanimou, ao mesmo tempo ajudou demais no Seinen e em outras entidades, colaborou em campanhas pela doação de medula óssea e apoiava sempre quem precisava, com um sorriso lindo no rosto e muita disposição. 

Para mim, vai ficar no coração a lembrança da menina sorridente, humilde, tímida, modesta, trabalhadora. Eu, como pessoa introspectiva que sou, me identificava muito com a personalidade da A, e admirava sua força de trabalho, energia e entusiasmo. Vou lembrar dela ensinando soroban, fazendo tsuru de origami, ajudando nos preparativos da Revi, vendendo cartelinha de bingo. Pra sempre, na minha memória, ela será uma menina feliz, alegre, corajosa.

Certamente, não podia deixar de ir na missa e no enterro. Quando cheguei lá, encontrei muitos amigos, e também a S, que me passou mais detalhes da luta da A nesse tempo que nao acompanhei. Enfim, todo adeus é dolorido. Antes da hora de me despedir, eu só pensava. "Eu sinto muito, por nao ter te ajudado nessa batalha. Sinto muito por nao ter percebido. Sinto muito por ter falhado tanto com você". Uma pessoa jovem, com a vida pela frente, nao deveria morrer...

Era nisso que eu estava pensando quando me aproximei do caixão, toquei na mãozinha dela, fiz um carinho, me despedi...e naquele momento, me veio uma certeza, de que nada disso importa agora: ela finalmente pode descansar, porque cumpriu sua missão aqui na Terra. Chorando, nao consegui confortar a mãe, mas ela me disse que a filha estava feliz por ter tantos amigos que gostavam tanto dela. Como posso ter sido confortada por essas palavras, sendo que a situação deveria ser inversa? Eu deveria ter confortado a mãe da A...e nao o contrario...^.^

Ontem, me senti (muito) mal comigo mesma, me decepcionei com as minhas decisões, por ter me abstraído e me afastado tanto da vida dos meus queridos amigos de Seinen, ao priorizar meus proprios projetos, planos e sonhos. Afinal, se existem pessoas que considero amigos, são os amigos que fiz no Seinen. Porque batalhamos juntos, viramos noites, passamos frio, nos apoiamos, choramos, brigamos, comemoramos, fizemos tudo juntos, por muito tempo das nossas vidas. 

Foi um tempo maluco, em que praticamente morávamos no Bunkyo em nossos momentos livres, e por incrível que pareça, gostávamos do que fazíamos! Amávamos passar os fins de semana enfurnados nas salas e nos cantos do Bunkyo.  Trabalhar nos eventos da comunidade. Apoiar integração das entidades. Tínhamos um planejamento sério pra fazer tanta coisa, muitas reuniões, muitas atividades, e éramos felizes com isso.

Essa época da nossa vida foi puxada, mas também maravilhosa, porque aprendemos a base e a essência do que nos move hoje: o poder da força do bem, do trabalho voluntário, da vontade de construir um mundo melhor. E hoje, mais jovens continuam levando esse trabalho lindo pra frente. Refleti e cheguei à conclusão de que nao adianta ficar repassando o passado, mas posso garantir que o futuro seja diferente. Vou me esforçar para retomar o contato com o pessoal do SB. E pra sempre, vou levar no meu coração a memória da A. Bjs.

O lobo x o homem

Assisti "O Lobo de Wall Street" por algumas razoes. Pela direção do Scorsese, pelas criticas positivas e pelo Leonardo de Caprio. Em uma unica palavra: odiei. Mais ainda depois que pesquisei um pouco sobre Jordan Belfort, o que aumentou minha repugnância e nojo.

O filme conta a história do citado acima, que era um pé rapado e começa a melhorar de vida quando vira corretor de ações em Wall Street. Mas ele vende ações que são lixo e vai prosperando, e aos poucos, cria uma corretora com os amigos dele, que assim como ele, são puro lixo. Oque pessoas assim poderiam produzir de bom? Só lixo, correto?

Eles dizem que nao fazem nada ilegal, mas na verdade, tambem nao fazem nada legal para os clientes. Só sabem enganar, trapacear e mentir. Trata-se apenas de empurrar ações lixo para gente sem conhecimento, pra ganhar 50% de comissão sobre as vendas. E aos poucos, os negócios sujos vão se diversificando.

"Deixe-me contar uma coisa. Não há nobreza alguma na pobreza. Já fui pobre e já fui rico. E escolho ser rico toda a porra do tempo”. É uma das frases do personagem, interpretado lindamente pelo Leonardo do Caprio. Porque ele consegue segurar o filme e fazer esse personagem intragável ficar interessante, mesmo com tanta polemica. E são muitos temas polêmicos.

Por exemplo, drogas. Aparecem todo o tipo possivel e imaginável de drogas nesse filme. Chega a encher o saco porque eles vivem chapados. Fazem todo tipo de idiotice sob efeito das drogas. E se gabam disso. E continuam fazendo besteira. Continuam chapando. Voce pensa que não é possivel que isso seja baseado na realidade (infelizmente, é).

Mas na minha opiniao, o pior de tudo foi como eles retratam as mulheres - todas as mulheres - que aparecem no filme. São prostitutas, vagabas, piranhas, drogadas, interesseiras, promíscuas. No filme, mostram-se as diferenças entre as prostitutas de US$500 a hora, as de US$ 300 e as de US$100. E eles deviam ser os melhores clientes, porque só andam rodeados de prosti.

Quer dizer que os caras faziam suruba no escritorio na frente de todo mundo, no avião, no hotel, mas as mulheres é que são as piranhas degeneradas? Que misoginia hipócrita é essa? Ridículo! Além de serem cenas que aparecem a cada minuto, sempre com mulher pelada ou em trajes mínimos. Sexismo absurdo.

São 3 horas de filme. Quando nao tem nada no roteiro, aparecem invariavelmente as cenas de drogas ou sexo. Chega uma hora que cansa! Além dos palavrões em profusão! Eu sou mulher e me senti ofendida pela maneira como as mulheres foram retratadas nesse filme.

O que me espanta é que uma pessoa tão baixa, com uma historia de vida tão repugnante, tenha agora um filme de Hollywood que foi feito sobre a vida dele. Porque além de todos os defeitos pessoais e profissionais, o cara simplesmente traiu todos os amigos para pegar menos tempo de cadeia. Esperto ele, né?

Mesmo assim, saiu da cadeia, escreveu um livro e dá palestras motivacionais. Ser o "Lobo de Walt Street" é hoje o seu ganha-pão. Ter um filme sobre ele aumenta o market share. E segundo a CNN, ele não pensa em pedir desculpas ou indenizar as vitimas dos golpes, que perderam tudo graças à esperteza de alguém em quem confiaram suas economias.

Logicamente, essas pessoas eram adultas, e se existe uma força ruim que move o mundo, é a ganância. Se o ser humano fosse menos ganancioso, pessoas como Jordan Belfort nao existiriam, nem teriam filmes para contar suas desventuras. Em um mundo onde as pessoas tem preguiça de pensar, gente ruim consegue prosperar. É o mundo em que vivemos, infelizmente. O homem é o lobo do homem. Bjs.


sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Presos na gaiola

Acabei de ler 2 vezes o livro da Mirian Goldenberg. Muitas reflexoes e inspiração para escrever alguns posts. No livro, a Mirian fala do sociólogo Zygmunt Bauman, para quem existem dois valores absolutamente indispensáveis para uma vida feliz: segurança e liberdade. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é o caos.


A questão é, como nós, brasileiros, podemos nos sujeitar a viver sem segurança nem liberdade? Esses dias fiquei em Gramado, que é o destino turístico mais seguro do Brasil. Faz muitos anos que nao sentia essa sensação tão maravilhosa e reconfortante de plena segurança. Muita felicidade.


Poder andar na rua tranqüilamente, livre, de dia, de noite, de madrugada, sabendo que nada de ruim pode te acontecer. Tendo a sensação de que tudo está seguro e tranquilo. Sabendo que voce pode ir e voltar para o hotel a pé, sempre em segurança.


O valor disso é incalculável, e os cidadãos de Gramado se orgulham muito de terem uma cidade segura. Pelo que me falaram, quem vai para Gramado acaba querendo voltar. É verdade! Rsrs...eu quero voltar e levar a família toda!


A sensação que eu tive visitando Gramado se equipara a quando eu morava no Japão. Lá voce tem a sensação de segurança muito forte e pode andar na rua sem medo, mesmo sozinha, de madrugada, em qualquer lugar.


Bom, hoje existem alguns crimes no Nihon tambem, porque estamos num mundo globalizado e crimes acontecem no Japão, mas em proporção muito diferente do Brasil, onde 50 mil pessoas são assassinadas todos os anos. Sentia saudades dessa sensação muito reconfortante. Mas lá no Japao, as pessoas nao tem muita liberdade. Ou seja, nada é perfeito. =p


Dai eu saí de Gramado e vim para Porto Alegre (está mais para 'Forno Alegre'). Já na rodoviária voce nao se sente seguro. No taxi, o taxista fala que não é para você sair de noite perto do hotel (é perigoso). No hotel, o moço fala pra voce tomar cuidado. Indo para o shopping, o taxista fala que nao é pra ficar na orla de noite (logico, porque é perigoso). E voce acaba achando que tudo é "meio perigoso". E fica isolado nos enclaves fortificados, nas prisões que nos encarceram diariamente.


Viver é perigoso! Eu provavelmente nao iria andar na orla do rio Guaiba, nao pela falta de segurança, mas por causa do calor infernal que faz nessa cidade, que é absolutamente horrível, muito pior que SP. Nunca senti um calor tao chato como esse.


Lógico, eu nao sou (nada) boba, e tanta recomendação dos taxistas me fez repensar meus passeios e por isso, fui para o shopping climatizado e fresquinho. Pelo menos aqui nao teve rolezinho (hahaha). E no final, quando eu estava pegando avião de volta, começou a chover. Graças a Deus, porque nao é possivel as pessoas sobreviverem ao calor de POA!


O ponto é, até quando vamos viver nessa situação? Eu imagino que poderia morar no Japão, nos EUA, em qualquer lugar do mundo. Poderia morar em Gramado (rsrsrs), mas o Brasil está numa situação muito dificil em termos de (in)segurança publica. Como podemos consertar isso? Eu amo o Brasil, mas nao consigo aceitar as notícias que vejo na TV todos os dias. Penso nisso e não chego numa solução. Será que existe alguma solução possivel? Bjs.

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

O encanto em forma de filme

Estava em Curitiba, tranquila, frente a um dilema (nada) cruel. Ir numa festa ou ir ao cinema? Pra quem me conhece, já deve saber a resposta: filme (sempre). E fui assistir "A Menina que Roubava Livros". É simplesmente encantador, maravilhoso. Amei tudo: atores, roteiro, figurino, contexto histórico.


Conta a vida da Liesel, uma menina órfã e analfabeta, que é adotada por um casal em Munique, em plena Alemanha nazista. É uma historia emocionante. E linda a interpretação luminosa e leve do Geoffrey Rush como Hans, o pai adotivo. Ele dá carinho e amor pra menina, e a ensina a ler. E tem a mãe adotiva dela, a Emily Watson, que se faz de durona mas é um amor. E o menino que interpreta o Rudy, ele é simplesmente a coisa mais fofa desse mundo, e se apaixona pela menina à primeira vista.


A Liesel vai pra escola, começa a ler e se encanta pelos livros. Me identifiquei muito com isso, pq tb sou apaixonada pela literatura. Quando ela entra em uma biblioteca pela primeira vez, o sabor desse momento é retratado no olhar sorridente e cintilante da menina. Quem ama leitura vai entender do que estou falando. Eu adoro bibliotecas e o cheirinho dos livros, folhear as páginas, fico super feliz!! =)


E entao, a perseguição aos judeus começa a se intensificar. E eles abrigam no porão de casa um jovem judeu, o Max, por anos e anos. O filme mostra essa amizade linda que nasce entre o Max e a Liesel, unidos pela solidariedade e pela literatura. E também retrata como era terrível viver na Alemanha de Hitler. E como é amar alguém e morrer sem conseguir falar isso pra pessoa amada (*pausa para muitas lagrimas).

(*** muitas lagrimas depois...)

Sniff...retornando...nossa, como chorei nesse filme, e choro só de lembrar das cenas. Quando o pai faz um dicionário na parede. Quando queimam os livros. Quando o Rudy salva o livro da Liesel. Quando o Max vai embora. Quando eles estão no abrigo antimisseis. Quando o Hans volta da guerra. Quando caem as bombas. O final...ah, o final do filme. Em resumo, ainda bem que meu rímel é a prova d'água...=D


É uma historia de superação e sobrevivência, que fala sobre o que existe de melhor no ser humano. A nossa capacidade de sonhar, acreditar, fazer o bem, inspirar e ser inspirado, e nunca desistir. Entrou para minha lista de filmes da vida. O mais irônico é que ainda não li o livro, porque desconfio um pouco de best sellers. Esse, com toda certeza, vale muito a pena. Bjs.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Somos parte de algo maior

Nos últimos dias, assisti umas três vezes ao documentário "Eu Maior", que fala sobre a busca de autoconsciência. Recomendo para todos, é muito emocionante.

Afinal, posso afirmar categoricamente que levei toda minha vida para me entender. E hoje estou no caminho, e essa é uma busca que nunca acaba, já que novas perguntas levam a novas respostas, que despertam mais e mais perguntas dentro de você. Dessa forma, vamos sempre buscando o crescimento, uma melhoria contínua.

Será que a gente tem medo da felicidade? Porque no filme, a monja Coen coloca uma metáfora muito bacana. Quando você está subindo uma montanha, no pé da montanha, é tudo bonito, verdinho, cheio de plantas e agradável. Já no topo da montanha, o ar é rarefeito, o ambiente inóspito, além de ser uma subida íngreme, dificil, cansativa, que nem todos estão dispostos a encarar.

Ressalto, nao tenho nada contra: quem quiser, pode viver no verdinho tranquilamente, pelo resto da vida. Mas quem tem uma visão maior, sabe que será necessário fazer um esforço maior. E eu tenho essa consciência. Eu nao vou ficar sentada no verdinho, eu quero olhar o mundo lá de cima, do topo da montanha. Eu quero fazer uma diferença nesse mundo. Pra isso, preciso trabalhar mais do que os outros.

A P sempre fala que uma das minhas principais qualidades é que faço muitas perguntas pra mim mesma. Quero entender o porquê das coisas, e nao tenho medo de buscar as respostas dentro de mim. E sinto que sou parte de algo muito maior: a minha busca é ajudar o mundo. Disso eu tenho certeza, e de alguma forma, sei que estou realizando essa missão e a cada dia me preparo para novos desafios.

O Cortella explica um conceito muito interessante, que (infelizmente) resume a existência banal de muitas pessoas que conheço. A "vida formol", que é apagada, sem tesão, sem movimento, em resumo, uma triste vida cadáver. É um desperdício de energia vital. Também chamo isso de vida zumbi.

A nossa vida é feita, refeita, reinventada todos os dias. Ela é muito curta para ser pequena, superficial, banal, fútil, egoísta. Até porque a gente está nesse mundo para engrandecer, e nao apequenar. Pena que muita gente (ainda) não tem consciência disso. Bjs.